Tocou-me dizer algumas palavras sobre este moço tão competente nas suas providências com a cultura regional e pampeana, o que me desperta uma honraria, porque tenho pra mim que este jovem valoriza o terrunho de uma forma necessária, contribuindo enormemente para a preservação de nossas raízes.
Conheci o André Teixeira ainda mocito na sua querência, São Gabriel das carretas. Um pago abençoado pelo sentimento gaúcho, sempre procurando compreender o universo que identifica o Gaúcho ou Gaucho, na sua forma mais grandiosa. Ao transitar pelo imenso acervo poético musical das manifestações gaúchas, foi desenvolvendo uma identidade própria na sua forma de compor e cantar, e hoje nos traz este PATRIMÔNIO, um trabalho de uma qualidade incrível, trazendo na sua musicalidade a vanera como base musical, nas suas mais diversas formas, valorizando cada poema e cada poeta na sua característica mais pura. São poesias que descrevem o dia a dia das estâncias, do homem do campo, da família rural, dos costumes, da terra gaúcha!
É como se o André Teixeira guardasse num baú as coisas que dão identidade ao nosso canto, a nossa terra, para que fiquem preservadas e perpetuadas.
Não poderia ser diferente, dada as intimidades com cada pago, cada rincão, cada querência que fizeram e fazem parte do cotidiano de André Teixeira na São Gabriel das carretas, e ali, construiu sua fisionomia e sua identidade através dos elementos que engrandecem aquela bela região.
Gracias, amigo, por este PATRIMÔNIO que disponibilizas ao acervo cultural do Rio Grande do Sul.
Xirú Antunes
Ao escolher o título de um trabalho, um artista pode revelar e resumir a sua própria percepção sobre esse trabalho. É uma mensagem – às vezes formada apenas por uma palavra – através da qual expressa o que considera sobre a sua obra no momento em que realiza esse registro.
André Teixeira, ao intitular seus dois primeiros álbuns de “Coração de campo” e “Do meu rincão”, posicionou sentimentalmente sua condição de compositor e cantor no painel cultural que tem o gaúcho como figura central. Ambos os títulos deixam clara a sensação afetiva, de pertencimento que o artista tem em relação ao seu lugar; sinalizam o que quer cantar e a forma como decidiu cantar. Isso, ao invés de limitar o alcance de sua música, pelo contrário, permite que ela seja identificada e valorizada conforme o entendimento do próprio artista.
É simbólico, portanto, o entendimento que André Teixeira demonstra acerca do presente álbum. Com o repertório inédito, de melodias autorais e desenvolvidas em torno de apenas um ritmo, a vanera, resume em seu título o que significam para esse artista as influências que formam seu caráter como compositor e as emoções que direcionam seu perfil como intérprete. Para André Teixeira, as quinze composições que estão aqui reunidas não representam nada menos que seu “Patrimônio”.
Além disso, essa escolha assinala uma homenagem à vanera como ritmo fundamental no universo folclórico em que se insere esse disco, sobretudo quando se entende, repassando o histórico de André Teixeira como compositor, a importância do ritmo como uma das marcas de sua trajetória.
Em “Patrimônio”, com sua leitura como melodista, faz a vanera tocar o piso dos bailes de campanha, cantarolar ao compasso das esporas, passar pelos assuntos dos campeiros, cortar campos silenciosos, pesar no coração como uma saudade... Mantendo a sua digital, a sua identidade como compositor, transitou entre variações criativas que possibilitaram interpretar o conteúdo dos textos que compõem o repertório.
Uma vez que imaterial – sonoro, sentimental – esse “Patrimônio” será medido pelas emoções de cada um que com ele tiver contato. Do que não resta dúvida, é que para André Teixeira, em sua condição de cantor e compositor, o que possui de mais valioso leva na própria garganta e guarda na própria guitarra.
Francisco Brasil
No balanço avanerado dos navios, o "plaf... plaf" das ondas que empurraram galeões ao desconhecido continente, pra depois amadurecer nas rodilhas nas garupas dos cavalos de serviço ou no compasso dos monjolos e sarandeio dos cafezais.
Por onde andastes, havanera colorida?
Com tantos versos preto e branco de Rio Grande.
Aparício Rillo no seu Surungo do Campo Fundo, Adalberto Machado em seu Balanço do Mutim, a voz inconfundível do Telmo Freitas desafinado de genuinidade no seu Pataquero. Quanto tempo até chegar na gana da caneta do Francisco Brasil querendo retratar o seu rincão de Palmas... E no pandeiro jovial do meu guri?
É essa a perpétua certeza que continuarás romanceando ao driblar a sensualidade do sertanejo contemporâneo, pra nos manter bailando e misturando suor com as moças nalgum baile corajoso de universitários rurais. Ou, por que não, num casamento onde o Grupo Carqueja fará dançar um estrangeiro que voou até aqui pra reencontrar a eterna vanera marinheira dos galpões.
Obrigado, André, pela coragem necessária aos que sem saber ficarão no patrimônio do som riograndense.
Em cada volta sarandeada da tua mão
onde teu chão levanta um som de polvadeira,
há uma saudade que sorri por tua escolta
e está de volta o teu Rincão, André Teixeira.
Lisandro Amaral
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Repertório:
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PATRIMÔNIO (Rogério Villagran/André Teixeira) - part.esp. Mano Lima
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VANERA PRA DANÇAR CONTIGO (Sérgio Carvalho Pereira/André Teixeira)
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ROSALVA (Lisandro Amaral/André Teixeira)
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A CORDEONA DO ZÉ BERTO (Anomar Danúbio Vieira/André Teixeira) - part.esp. Rogério Melo
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VESTIDO DE CHITA (Edilberto Teixeira/André Teixeira)
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TAPERA DE BAILE (Francisco Brasil/André Teixeira)
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VISITA (Rafael Miranda Machado/André Teixeira)
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MEU PAR DE ESPORAS (Rogério Villagran/André Teixeira)
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CHURRASCO DE CAMPANHA (Rogério Villagran/André Teixeira)
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FOLE FURADO (Edilberto Teixeira/André Teixeira)
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ATALHO DE VIZINHO (Edilberto Teixeira/André Teixeira)
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CARREIRA COM O TEMPO (Sérgio Carvalho Pereira/André Teixeira)
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ATADOS E TOSOS (André Oliveira/André Teixeira)
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DOS CANTARES DA MINHA TERRA (Recolhida do folclore por Clóvis Colman e adaptado por Gujo Teixeira/André Teixeira)
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DO TEMPO (Eron Vaz Mattos/André Teixeira) - part.esp. Eron Vaz Mattos