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Do meu rincão, é para “nosotros”, um rincão povoado de tradição, onde ainda residem usos e costumes d’um povo que através da sonoridade crioula deste registro poderá dizer:

“-O gaúcho segue de chapéu tapeado!”

 

André Teixeira é morador deste rincão, e através do seu canto, é um dos responsáveis pela guarnição das coisas que identificam a nossa autenticidade. Assim, mantendo de pé o palanque onde apeia o andante que busca conhecimento e abrigo na nossa cultura. Do meu rincão, é lá d´onde eu venho, onde uma cordiona floriadita nos remete a momentos de campo que parecem um quadro a ser pintado... O compromisso que temos com o nosso folclore, com a nossa história e com o nosso futuro, está diretamente relacionado com a nossa música, que, ao ser apresentada, precisa ser condutora dos mais genuínos sentimentos do gaúcho. Este trabalho, nos fortalece de crioulos sentimentos e clareia um pensamento de que há um espaço a ser preenchido e não pode ficar para depois, pois o tempo passa a galope.

Parabéns, “hermânio”! O nosso rincão se sente cuidado e valorizado com o teu canto e com o teu respeito a nossa condição de gaúcho que somos.

 

Rogério Villagran

Do meu Rincão

 

Há um paradoxo contido na definição da palavra “Rincão” que, em minha opinião, por sua delicada complexidade, desperta muita poesia. Acho linda a lógica que o vocábulo carrega de representar um lugar íntimo, afastado, longínquo, abrigado. Contudo, para contradizer essa acepção, quem negaria que Rincão também pode ser o lugar de muitos, ser diverso e grande, estar tão próximo e visível, bem como ser o universo que nos expõe, revelando os nossos mais guardados sentimentos.

Admiro as duas possibilidades e vejo nelas a atração que têm de serem uma só, única. Por isso o título deste trabalho me cativou desde o primeiro momento.

O meu rincão é o mesmo de André Teixeira. E não é só nosso. Ele é de tanta gente. Daqueles que, com carinho e ingênuo engano, chamamos “iguais”. Mas, o fascinante é que esse rincão tão coletivo e plural também é único e singular, individual e íntegro. Para mim, para ele e para cada um dos outros tantos.

Posso imaginar que um homem, cortador de mandacaru no semiárido nordestino, ao ouvir uma canção deste disco, sinta-se abrigado e tenha estranha sensação de pertencimento. Reconhecerá, talvez sem compreender, pelos nomes dos lugares de campo, pela voz do cantador, pelos caminhos harmônicos da música de André Teixeira, aquele mesmo sentimento de proximidade que experimentei um dia ao ler, em uma estância do imenso sul, Guimarães Rosa falar pelas vozes de Riobaldo e Diadorim.

São vozes de rincão. Assim o sinto, porque assim as ouço.

Cada um tem o seu Rincão, e paradoxalmente ele é mesmo de tantos.

Daí, desta complexidade aparente, do paradoxo poético que carrega, aflora toda a riqueza e amplitude do conceito deste álbum: Do meu Rincão.

O trabalho do cantor, músico e compositor André Teixeira é uma pintura do São Gabriel. Suas paragens, suas povoações rurais, seu núcleo urbano, seus arrabaldes povoeiros e, o que é fundamental, sua gente, vinculada ao universo do campo gaúcho. As canções gravadas aqui são composições documentais. Cartas de identidade deste mundo das campanhas do sul. Os autores dos versos musicados por André viveram ou ainda vivem imersos neste universo e por isso mesmo pintam, em letras, uma exposição inteira de quadros que são como um atlas da geografia física e humana deste lugar.

Aquele que lê estas percepções, aqui postas à modo de apresentação, pode imaginar que o parágrafo acima, choca-se diretamente com a ideia inicial deste texto. Afirmo que não.

As obras regionais verdadeiras, dentro de um enorme país, como figurado acima, ou mesmo em continentes diferentes, têm pontos de conexão, correspondência e diálogo que ampliam nossas miradas e multiplicam as léguas de estrada e tempo.

Por isso afirmo, o Rincão de André Teixeira é muito grande - parte como um vento que sopra do Batovi, do Suspiro, da Vista Alegre, da Mata Grande, do Barrondão - e por ser arte, não posso prever a quantos lugares e a quanta gente tocará, pela poeira da terra que seu movimento desprende, onde nosso mundo ainda respira.

Sérgio Carvalho Pereira

Adquira o CD "Do Meu Rincão" através do site www.minuanodiscos.com.br

Repertório:

  1. UM QUADRO A SER PINTADO (Rogério Villagran/André Teixeira)

  2. LÁ D’ONDE EU VENHO (Rogério Villagran/André Teixeira)

  3. DO MEU RINCÃO (Anomar Danúbio Vieira/André Teixeira)

  4. O SILÊNCIO E A CAMPEREADA (Sérgio Carvalho Pereira/André Teixeira/Ricardo Comassetto) - part. esp. Marcello Caminha

  5. PEÃO DO POSTO E CHAMARRITA (Rogério Villagran/André Teixeira)

  6. NOS BRAÇOS DA MADRUGADA (Edilberto Teixeira/André Teixeira)

  7. JOÃO FACÃO (Rogério Villagran/André Teixeira) 

  8. QUERÊNCIA, SOMOS IGUAIS! (Gujo Teixeira/André Teixeira)

  9. MANHÃ DE RODEIO (Edilberto Teixeira/André Teixeira) - part. esp. Luiz Marenco

  10. AL COMPÁS DE LA VIGÜELA (André Oliveira/André Teixeira)

  11. CAMINHADOR (Rogério Villagran/André Teixeira)

  12. ASSOVIANDO A QUERO-MANA (Guilherme Collares/André Teixeira)

  13. PEREGRINO E CRUZADOR (Rafael Machado/André Teixeira) 

  14. NO TRANCO DO MUTIM (Eliezer Dias de Souza/André Teixeira)

  15. A LINHA DA MINHA MÃO (Sérgio Carvalho Pereira/André Teixeira)

  16. MONUMENTO (Rogério Villagran/André Teixeira)

  17. CAMINHO DE SEMPRE (Francisco Brasil/André Teixeira)

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